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A nova geração de superfoods

Definidos como alimentos ricos em compostos considerados benéficos para a saúde, os superfoods, ou superalimentos, dispararam em popularidade em 2020. Apesar dessa popularidade já estar apresentando um aumento significativo nos últimos anos à medida que os consumidores vêm se inclinando cada vez mais para ingredientes naturais e saudáveis, a pandemia da Covid-19 desencadeou uma grande demanda por produtos alimentícios funcionais processados e embalados. Conforme a noção de alimentação saudável e nutritiva se espalhou no mercado durante a pandemia, os produtos alimentícios que se alinharam com a tendência de saudabilidade e aumento do sistema imunológico, como superfrutas, sementes de quinoa, sementes de chia e outros, criaram uma demanda adicional de superalimentos em nível industrial.

E, segundo os analistas de mercado, essa tendência não apresenta sinais de retrocesso, pelo contrário, a estimativa é de crescimento para 2021, não apenas pela persistência da pandemia, mas também, pela conscientização do consumidor com relação aos benefícios que os alimentos funcionais podem proporcionar com relação a saudabilidade e bem-estar. De acordo com os especialistas, o mercado global de superalimentos deve atingir US$ 209,1 bilhões até 2026, crescendo a um CAGR de 7,3% no período de 2020 a 2026.

Ao lado de outros superfoods de alto desempenho, como frutas, vegetais e grãos integrais, considerados saudáveis, surgem novas opções que ao encontro dos desejos e da busca dos consumidores por alimentos funcionais que ofereçam benefícios que possam reduzir o risco de doenças e/ou que promovam uma boa saúde.

A empresa americana de pesquisa de mercado NPD Group, destacou seis superalimentos emergentes que estarão em evidência em 2021 e nos próximos anos: o sabugueiro, por suas propriedades antioxidantes e sua reconhecida capacidade de estimular o sistema imunológico e combater resfriados e gripes; o CBD, também conhecido como canabidiol, por seu potencial em ajudar a tratar a dor, insônia e ansiedade; o mel de Manuka, por seus benefícios de curar feridas, acalmar dores de garganta e melhorar a digestão; os cogumelos Reishi, por sua capacidade de impulsionar o sistema imunológico; a erva Ashwagandha, por muitas razões, incluindo o fato de ajudar a controlar o estresse; e os microgreens, por seu valor nutricional.

Sabugueiro


O sabugueiro é uma das plantas medicinais mais utilizadas no mundo. O termo refere-se às variedades pertencentes ao gênero Sambucus, sendo o tipo mais comum o Sambucus nigra, também conhecido como sabugueiro-europeu ou ancião-negro. Apesar de ser nativo da Europa, é amplamente cultivado em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

O sabugueiro cresce até nove metros de altura e tem cachos de flores pequenas, que nascem nas cores branca e creme; o fruto é encontrado nas cores preta e azul-escuro e também cresce em cachos. Sua fruta é bastante azeda e precisa ser cozida para consumo; as flores têm aroma delicado e podem ser consumidas cruas ou cozidas.

Os frutos do sabugueiro são alimentos de baixa caloria e repletos de antioxidantes; 100 gramas do seu fruto contêm 73 calorias, 18,4 gramas de carboidratos e menos de uma grama de gordura e proteína. Além disso, contém vitamina C (6mg a 35mg por 100 gramas de fruto, o que representa até 60% da ingestão diária recomendada), é rico em fibra dietética (sete gramas de fibra a cada 100 gramas do fruto, o que representa mais de um quarto da IDR de fibra), fonte de ácidos fenólicos (poderosos antioxidantes que podem ajudar a reduzir os danos do estresse oxidativo no organismo), boa fonte de flavonóis e é rico em antocianinas. A composição nutricional exata do sabugueiro depende da variedade da planta, da maturação do fruto e das condições ambientais e climáticas. Portanto, sua composição nutricional pode variar.

CBD


O CBD, ou canabidiol, é um dos princípios ativos da Cannabis sativa, compondo até 40% dos extratos da planta e que pode ser usado como medicamento para diversas doenças, que variam de epilepsia severa a fibromialgia. É um composto natural encontrado na resina da flor fêmea da cannabis, cujas propriedades terapêuticas estão sendo testadas e confirmadas por cientistas e médicos em todo o mundo. É uma substância segura e não viciante, que pode combater eficazmente a insônia, pois aumenta os ciclos de sono profundo e reduz a fase REM (quando sonhos e pesadelos ocorrem). O efeito é relaxante e sedativo e faz com que a pessoa durante o dia tenha menos stress, ansiedade e esteja mais calma, graças a um maior tempo de sono e aos benefícios que o CBD traz.

Além disso, é um poderoso analgésico e anti-inflamatório natural, atuando eficazmente, sem efeitos secundários negativos, no tratamento da dor crônica, dores pontuais, ciática, dores musculares, nevralgia ou inflamações. Para desportistas e para pessoas que praticam atividades físicas intensas, o CBD atua também como relaxante muscular, aliviando as dores provenientes dessa atividade física intensa.

Mel de Manuka


Todos os tipos de mel são benéficos para a saúde humana por conterem peróxido de hidrogênio, mas o mel de Manuka contém um ativo especial: o metilglioxal, um componente presente no organismo de plantas, animais e seres humanos, que se origina a partir da presença de glicose e é produzido para garantir a saúde das células.

As concentrações de metilglioxal nesse tipo de mel variam de 189 a 835 mg/kg de mel. O valor mínimo para atividade bactericida é de 100 mg/kg - concentração simbólica presente também no chocolate e café. Quando possui quantidades acima de 400 mg, é comprovadamente um poderoso agente contra bactérias e vírus imunes a antibióticos clássicos.

O metilglioxal é um composto formado naturalmente no néctar da flor de Manuka, que é coletado pelas abelhas, sendo transferido para o mel, ficando estável, resistente à luz e ao calor, e às atividades enzimáticas e fluídos corporais, como saliva e suco gástrico.

Todo mel possui alguma qualidade bactericida, graças à formação de peróxido de hidrogênio; no entanto, rapidamente se dissolve ao entrar em contato com o organismo humano, o que não ocorre com o metilglioxal.

Considerado um dos nutrientes mais ricos da natureza, o mel de Manuka possui grandes doses de vitaminas e minerais e apenas 21 calorias por colher de chá. Além disso, também conta com um poder adoçante superior ao do açúcar, o que significa que é preciso usar uma quantidade menor para alcançar a doçura desejada.

De acordo com o periódico norte-americano Current Drug Metabolism, ajuda na regeneração de tecidos em feridas, reduzindo a dor. Por isso, é uma ótima solução para eliminar bactérias e tem grandes quantidades de antioxidantes, além de múltiplos benefícios anti-inflamatórios.

Estudos divulgados pela Universidade da Nova Zelândia examinaram a ação probiótica do alimento. Uma parcela dos carboidratos contidos no mel de Manuka é aproveitada no intestino delgado, enquanto o restante passa sem digestão até o intestino grosso. Esse processo estimula o desenvolvimento de bactérias saudáveis no organismo e elas, por sua vez, melhoram a digestão e evitam o acúmulo de toxinas.

Cogumelo Reishi


O cogumelo Reishi, cujo nome científico é Ganoderma lucidum, é uma das variedades mais saudáveis de cogumelo. Sua origem se dá no continente asiático, especialmente em regiões mais quentes. Na China, é conhecido como “cogumelos da imortalidade”, por proteger o organismo contra danos ao DNA celular, agindo contra os oxidantes que provocam o envelhecimento.

O cogumelo Reishi é um verdadeiro aliado do sistema imunológico. Acredita-se que suas propriedades ajam em conjunto com os glóbulos brancos e, por isso, o sistema imune seja beneficiado pelo seu consumo. Além disso, auxilia no combate de doenças degenerativas; ajuda no combate da fadiga e dos sintomas da depressão, pois estimula a produção de serotonina; auxilia no controle da glicemia; e promove proteção hepática.

Erva Ashwagandha


A Ashwagandha (Withania somnifera), também conhecida como Ginseng indiano, é uma planta originária da Índia, cujas propriedades têm sido usadas há muitos anos, especialmente na Ayurveda, medicina tradicional indiana que engloba uma série de práticas para a boa saúde.

É muito utilizada para ajudar a melhorar o desempenho físico e mental, podendo ser indicada em casos de estresse e cansaço generalizado.

Entre os vários benefícios para a saúde destacam-se redução do cansaço físico; aumento da força muscular; melhora dos níveis de energia; estimulo do sistema imune; controle dos níveis de açúcar no sangue; redução do colesterol alto; e combate a insônia.

A raiz desta planta perene é a parte primária utilizada, embora a folha apresente uma longa tradição de ser usada topicamente para infecções, queimaduras e picadas de insetos.

Microgreens

Os microgreens, ou microverdes (em tradução livre), são a mais nova tendência da horticultura.

Trata-se de um broto vegetal comestível, que pode ser uma hortaliça, erva aromática, legume, etc.; seu nome “micro” é devido ao tamanho, que varia entre 5 a 10 centímetros, da folha até a raiz. Esses vegetais são como qualquer outro, com a diferença de que são colhidos prematuramente, ou seja, logo após a germinação. Essa é a segunda etapa do desenvolvimento de qualquer vegetal, momento em que a planta pode acumular até 40 vezes mais nutrientes do que em sua fase final. Além de ser mega nutritivo, o vegetal colhido na etapa microgreen possui um sabor mais acentuado e uma textura diferente.

O seu consumo vem sendo bastante difundido, principalmente após estudos mostrarem que o valor nutricional dos vegetais ainda jovens é significativamente maior se comparado com os vegetais na fase adulta. Foi observado que os microgreens contêm uma maior concentrações de componentes bioativos, como vitaminas, minerais e antioxidantes, fazendo do seu consumo um grande aliado para a promoção e manutenção da saúde.

Estudos analisando grupos de vitaminas, entre elas a vitamina C, E e a betacaroteno, bem como outros fitoquímicos, mostrou que as folhas de quase todos o microgreens tinham de 4 a 6 vezes mais nutrientes do que as folhas maduras da mesma planta. Foi observada também um variação entre a quantidade de vitamina C em alguns vegetais, onde por exemplo o repolho roxo liderou o ranking, apresentando maior concentração de vitamina em comparação aos demais vegetais. Entre os 25 microgreens estudados, o repolho roxo, o coentro, o amaranto e o rabanete apresentaram respectivamente as maiores concentrações de ácidos ascórbicos, carotenóides, filoquinona e tocoferóis.

Ao lado desses superalimentos emergentes estão aqueles que já estão em alta há alguns anos e que são velhos conhecidos dos consumidores, como quinoa, trigo sarraceno, algas marinhas, amoras, gengibre, açafrão, matcha, aveia, cevada e grão de bico. Além desses, vegetais com folhas verde-escuras, diferentes tipos de frutas silvestres, abacate, chocolate amargo, chá verde, ovos, legumes, nozes e sementes são as inclusões mais populares nessa categoria de superalimentos. Os frutos do mar ricos em ácidos graxos ômega-3, como salmão, sardinha, cavala e alguns outros peixes gordurosos, também são considerados nessa categoria por serem uma excelente fonte de fibras, vitaminas, minerais e outros nutrientes.

Embora cientificamente não exista uma definição oficial de superalimento e apesar de muitos especialistas do setor o considerarem um termo de marketing ou simples modismo, alguns superalimentos possuem benefícios comprovados para a saúde e o endosso de nutricionistas, como perda de peso, promoção da saúde do cérebro, cuidados com a pele, aumento da imunidade e melhoria da saúde intestinal.


Márcia Fani

Editora








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