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MODISMOS EM DIETAS E ALIMENTAÇÃO

A alimentação saudável é uma das áreas mais afetadas quando se fala em modismos. As dietas têm vida curta e já pudemos assistir a ascensão e a decadência de vários tipos de dietas, sejam elas da lua, da maçã, do astronauta, do sopão, do Dr. Atkins, Dunkan, sem esquecermos das mais recentes, sem glúten e sem lactose, detox, plant-based, paleo, low fat, cetogênica e jejum intermitente, todas prometendo alcançar o milagre de perder muito peso em pouco tempo, objetivo por si só pouco saudável e fadado ao fracasso.

Pequena parte dessas condutas alimentares foi pesquisada cientificamente, em amostras de pouca representatividade, trazendo algum aparente benefício para o corpo. Algumas priorizam o aumento do consumo de alimentos minimamente processados, resultando na diminuição da ingestão de açúcar e gordura. Outras limitam os carboidratos, o que faz com que o corpo busque energia nos estoques de gordura corporal. Essa queima de gordura gera substâncias denominadas corpos cetônicos, que diminuem a fome e, consequentemente, comemos menos. Existem também as dietas que propõem a restrição calórica, seja por meio da limitação do consumo de outros alimentos, exceto aqueles “permitidos”, seja pelo horário disponível para as refeições. São alternativas que podem ser aplicadas individualmente, por pouco tempo, como um “empurrão” na perda de peso.

Por não levarem em conta o hábito alimentar do indivíduo, o custo financeiro e a monotonia dos ingredientes, todas essas estratégias são de difícil adesão a longo prazo.

Há um tempo, a ciência da nutrição se popularizou de forma perigosa. Com o aumento dos casos de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto, a população, após pouca leitura e algumas horas de TV, pensa ser capaz de classificar os alimentos em saudáveis e não-saudáveis.

Os conceitos sobre nutrientes e a sua importância para o corpo humano, antes restritos aos consultórios de médicos, nutrólogos e nutricionistas, ganharam espaço na imprensa e se tornaram o assunto queridinho dos veículos de comunicação, aumentando, infelizmente, o alcance da “má” informação. Pessoas cujos conhecimentos limitam-se a fritar um ovo ficam alçadas ao nível de “chefes”, e outras, que já ouviram falar que o limão contém muita vitamina C em poucos programas, emitem recomendações nutricionais profundas.

Todos os dias, nas mídias sociais, “brotam” influenciadores do estilo de vida saudável. Postagens e mais postagens com fotos da rotina alimentar e da dieta da vez: café da manhã com suco “detox”, almoço com proteína, saladinha e o jantar, claro, sem nenhum carbo. Outras postagens “ensinam” o que são alimentos “bons” e “ruins”.

Nota-se, principalmente entre os jovens de maior poder aquisitivo, que ninguém mais come carne ou ovo; come "proteína". Chamam pão, farinha, macarrão e arroz de “carbos”. Alimentos sem glúten, sem lactose e sem açúcar parecem ter um lugar garantido no “olimpo” dos corpos perfeitos e saudáveis. Parece ser um símbolo de status chamar o alimento pelo nutriente. Não comemos mais comida, mas a classificação de um dos nutrientes que a compõem.

Polarizar os alimentos em “bons” e “ruins” é um erro enorme, típico de pessoas totalmente por fora de qualquer princípio nutricional básico. Não existe alimento ruim, alimento é alimento; pode ser pobre em nutrientes, porém continua desempenhando papel importante na vida do homem. O que existe é excesso! Isso porque comemos por uma série de motivos. O mais importante deles é o fisiológico, ou seja, precisamos de substâncias, chamadas nutrientes, capazes de fornecer elementos para o funcionamento do corpo humano. Sem alimento, não sobreviveríamos.

Porém, há diversos fatores envolvidos no ato de alimentar-se. O arroz e feijão nosso de cada dia nos traz identidade cultural do povo brasileiro. Sentir saudade do “macarrão da mama” ou da “gemada da vovó”, revela o fator emocional e cultural envolvido na alimentação.

A função social do alimento é notada nas celebrações: nascimentos, aniversários, casamentos e até funerais em certas culturas, a refeição possui papel central nesses eventos.

A mudança de postura corporal, a descoberta do fogo, a agricultura e domesticação dos animais, a formação das sociedades, a medicina, o comércio, a expansão marítima, a industrialização e a globalização, ou seja, toda a evolução humana foi em decorrência da busca por comida e não pelo nutriente. Que continuemos a evoluir!

Isso fica mais difícil ainda em uma cultural na qual após uma refeição a anfitriã pergunta: “Está satisfeito?” ou seja, em outras palavras, “Cabe mais alguma coisa na sua pancinha?”

Essa indagação é, com certeza, mais quantitativa do que qualitativa, não é?








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