A série de relatórios anuais sobre a indústria de proteínas alternativas revelam que a América Latina é a região com maior crescimento de vendas de carnes, frutos do mar e leites vegetais
A série composta por três relatórios completos e atualizados sobre o progresso da indústria de proteínas alternativas (à base de plantas, cultivadas e obtidas por fermentação). Os relatórios do GFI apresentam dados do cenário comercial e de investimento, lançamento de produtos, parcerias, avanços técnicos, crescimento do ecossistema científico, financiamento público, regulamentação, atualizações e análises das previsões do setor.
CENÁRIO COMERCIAL E VENDAS
Carne Cultivada
- A indústria de carne cultivada fez avanços ousados em direção à comercialização nos EUA: a UPSIDE Foods se tornou a primeira empresa a receber sinal verde da FDA, o que significa que seu produto pode ser vendido nos EUA após a aprovação regulatória do USDA. A GOOD Meat, outra empresa de carne cultivada, também recebeu esse sinal verde da FDA no início de 2023, indicando que o governo dos EUA está fazendo um progresso impressionante na promulgação de sua estrutura regulatória para carne cultivada.
- Existem hoje pelo menos 156 empresas de carne cultivada em 26 países diferentes: é provável que esse número esteja subestimado, visto que é comum que as empresas se lancem em “modo sigiloso” e se anunciem ao atingir um marco específico (como o desenvolvimento bem-sucedido de um produto ou a conclusão de uma rodada de captação de recursos).
- Em 2021 existiam 60 empresas diversificadas envolvidas na indústria de carne cultivada; hoje já existem mais de 70. Vale ressaltar que o Brasil apresentou dois protótipos bem-sucedidos de carne de frango cultivado, desenvolvidos pela Embrapa e pela UFMG, mas os lançamentos ocorreram em 2023. Por isso não constam nos relatórios de 2022.
- Com relação à nomenclatura dos produtos à base de cultivo celular, mais de 30 empresas na Ásia-Pacífico assinaram um Memorando de Entendimento concordando em usar a terminologia “cultivada” em inglês e seus cognatos em outros idiomas. A nomenclatura “cultivada” também foi apoiada por pesquisas recentes com consumidores encomendadas pelo GFI e pelo GFI Brasil.
Fermentação
- A indústria de fermentação para proteínas alternativas deu sinais de amadurecimento, com a formação de novas associações setoriais, maior participação de grandes empresas alimentícias e ampliação do número de produtos fermentáveis disponíveis aos consumidores.
- O GFI e a ONG ProVeg juntaram-se a 12 empresas de alimentos como membros fundadores de uma associação focada no desenvolvimento desse setor.
- No início de 2023, nove empresas de fermentação de precisão uniram forças para formar a Precision Fermentation Alliance, o primeiro órgão comercial focado na fermentação de precisão para proteínas alternativas.
- Existem hoje pelo menos 136 empresas de fermentação em 31 países diferentes, embora esse valor esteja subestimado pelos mesmos motivos citados anteriormente, em relação a empresas de carne cultivada. Notavelmente, quase 57% das 136 empresas focadas na fermentação de proteínas alternativas foram fundadas no últimos três anos.
- Pelo menos 100 outras empresas de produtos diversificados estão envolvidas, também, na fermentação para a indústria de proteínas alternativas. 2022 foi um ano de formação de parcerias de grandes empresas de alimentos, incluindo Nestlé, Bel Group e Unilever.
- Uma série de produtos habilitados para fermentação foram lançados aos consumidores pela primeira vez, incluindo bife de micélio e bacon, salsichas de proteína de biomassa, macarons feitos com ovos sem origem animal e uma grande expansão em laticínios sem ingredientes de origem animal. Existem agora pelo menos 31 SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) de produtos lácteos sem ingredientes de origem animal disponíveis nos EUA, com mais produtos ainda em desenvolvimento.
Proteínas vegetais (plant-based)
- A indústria de proteínas vegetais continuou a se diversificar em termos de produtos, canais de distribuição e empresas: após uma retração nos últimos anos devido à pandemia, o foodservice voltou a ser um importante canal para marcas e consumidores de produtos plant-based. Cadeias de restaurantes de serviço rápido, incluindo Starbucks, Burger King e KFC, expandiram as opções vegetais em várias regiões. O Burger King, inclusive, testou seu primeiro estabelecimento 100% plant-based. As vendas unitárias de carnes vegetais cresceram 3% no foodservice, enquanto as vendas em dólares cresceram 8%.
- Em 2022, grandes marcas de alimentos continuaram a desenvolver versões plant-based de produtos familiares (como cream cheese Philadelphia e barras Kit Kat) globalmente. As empresas também lançaram novos formatos de produtos para o varejo, como bife à base de vegetais e foie gras. No entanto, ainda há muito espaço para inovação nos formatos dos produtos.
- À medida que a indústria deixa seus estágios iniciais, as empresas de produtos cárneos vegetais estão trabalhando juntas na inovação e expansão de produtos: contamos com 27 parcerias estratégicas em 2022, a maioria delas focada no desenvolvimento de produtos. Além disso, seis empresas expandiram ou abriram instalações de produção novas e 11 novos fabricantes contratados foram adicionados ao banco de dados do GFI em 2022.
Visão geral das vendas globais no varejo
A indústria de alimentos à base de plantas se estabeleceu em todo o mundo, com carnes e laticínios alternativos se tornando acessíveis a consumidores em todos os continentes. Os dados de vendas globais da Euromonitor International fornecem uma perspectiva sobre o crescimento das vendas globais de produtos à base de plantas:
- As vendas globais em dólares de carne vegetal cresceram 8% em 2022, chegando a US$ 6,1 bilhões. Enquanto isso, as vendas em peso cresceram 5%.
- As vendas globais em dólar de leite vegetal cresceram 6%, chegando a US$ 19,1 bilhões. As vendas por litro cresceram 3% em relação a 2021.
- Apresentado pela primeira vez nos dados do Euromonitor, o iogurte à base de plantas cresceu 11%, chegando a US$ 1,7 bilhão. As vendas por peso cresceram 6% em 2022.
- Também monitorado pela primeira vez, o queijo vegetal cresceu 22%, chegando a US$ 869 milhões. As vendas em peso cresceram 11%.
Em 2022, o crescimento das vendas em peso, atrás ou ligeiramente atrás do crescimento das vendas em dólar, foi consistente com o ambiente macroeconômico no qual os preços por libra ou preços por litro aumentaram em todo o setor de varejo.
AMÉRICA LATINA
Em análise complementar do GFI Brasil, destacamos a América Latina como a região do mundo onde ocorreu o maior crescimento nas vendas globais em dólar de carne, leite e iogurte vegetais. Abaixo, detalhamos as vendas em dólar de carne e frutos do mar à base de plantas e também de leite, iogurte e queijos vegetais em escala regional.
Aprofunde o seu conhecimento sobre os relatórios participando dos webinars específicos de cada tecnologia: