De ingredientes a produtos acabados, as startups estão inovando para produzir os próximos produtos mais procurados no mercado de ingredientes alternativos: as proteínas alternativas, que estão em uma trajetória ascendente acentuada.
Um estudo recente realizado pelo Boston Consulting Group e Blue Horizon Corporation, previu que cada décima porção de carne, ovos, laticínios e frutos do mar em todo o mundo será feita de proteínas alternativas em 2035. O mesmo relatório, intitulado “Food for Thought: The Protein Transformation”, estimou que o mercado crescerá dos atuais 13 milhões de toneladas métricas por ano para 97 milhões de toneladas métricas por ano no mesmo período.
Mas como as startups estão inovando no campo das proteínas alternativas para responder aos desafios globais? Em Israel, gafanhotos, fermentação e carne plant-based são os destaques.
A Hargol FoodTech, por exemplo, está trabalhando com o que o empresário Dror Tamir, cofundador e CEO da startup israelense, afirma ser a fonte de proteína mais eficiente da natureza: gafanhotos. Para ele, o inseto é a solução perfeita. Apenas uma colher do seu produto equivale a um terço das necessidades diárias de proteína para adultos. Em outras palavras, uma colher de proteína de gafanhoto em pó contém a mesma quantidade de proteína que 100g de bife.
Além disso, segundo Tamir, os gafanhotos são repletos de nutrientes; com 72% de proteína completa, o gafanhoto também contém ômega 3, 6 e 9, bem como ferro, zinco e ácido fólico, além de possuir baixo teor de gordura saturada e colesterol.
Outros benefícios para a saúde vão desde apoiar o crescimento de crianças, melhorar o metabolismo e reduzir a gordura corporal, até apoiar o sistema imunológico e melhorar a saúde do cérebro e do intestino.
Mas talvez a maior vantagem na criação de proteína alternativa a partir de gafanhotos sejam as suas credenciais de sustentabilidade. Segundo Tamir, para produzir a mesma quantidade de biomassa que a carne bovina, os gafanhotos reduziram as emissões de GEE em 99%, os resíduos em 98,5%, a água em 1.000 vezes e o uso de terras aráveis em 1.500 vezes; e essa biomassa fornece quatro vezes mais proteína do que a carne bovina.
A Hargol FoodTech afirma que é a primeira e única empresa no mundo a atingir a produção em escala comercial de uma proteína alternativa de gafanhotos, o que está sendo feito na sua fábrica em Israel. Com clima controlado, o local permite que gafanhotos sejam cultivados o ano todo, com incubação acelerada de ovos, o que significa que o número de ciclos de vida dos animais pode ser aumentado de 1 para 11. A infraestrutura agrícola vertical significa que 150.000 gafanhotos podem ser criados por cômodo, com tecnologias adicionais predominantemente focadas em novas linhagens genéticas do inseto, que devem reduzir os custos de alimentação em 97% e os custos de mão de obra em mais de 50%.
A startup está trabalhando com um modelo de negócios B2B, comercializando ingredientes em pó e nos formatos de carne picada alternativa para as indústrias de alimentos, bebidas e suplementos.
Outra startup que trabalha com proteína alternativa, é a RilBite, que tem como alvo os fabricantes de alimentos excessivamente processados. Em um esforço para retornar aos princípios tradicionais da culinária caseira, ao mesmo tempo em que responde a crescente demanda por alternativas de carne à base de vegetais, a RilBite está trabalhando para tornar os ingredientes ultraprocessados redundantes.
Barak Melamed, CEO da RilBite, disse que a startup israelense descobriu uma maneira de manter os ingredientes frescos no rótulo e jogar fora todos os desagradáveis, com um “toque de física culinária”. Os análogos de carne da RilBite são feitos de ingredientes vegetais crus não processados. O processo é não intrusivo e mantém o sabor e os valores nutricionais das plantas.
A RilBite desenvolveu e construiu uma linha de produção em grande escala que usa ingredientes locais frescos com base em hardware reprojetado e software proprietário para produzir vários pratos, equivalente à carne, mas feito diretamente de plantas, ou seja, segundo Melamed, eles não são baseados em plantas, mas são feitos com plantas.
De acordo com a startup, essa tecnologia permite obter o mesmo sabor e textura de produtos como carne picada, frango, peixe, ovos ou laticínios, mas a partir de plantas.
A RilBite espera que os seus primeiros produtos cheguem ao mercado em 2022, já tendo assinado acordos de vendas e comerciais dentro e fora das fronteiras de Israel.
A NextFerm é outro player que trabalha no cenário de proteínas alternativas de Israel; está desenvolvendo a "primeira e única" proteína fermentada não-GM com "valor nutricional semelhante ao animal" e sabor neutro.
A proteína da NextFerm, chamada de Protevin, tem como alvo o mercado alternativo vegano, um segmento avaliado em US$ 16 bilhões, com um crescimento anual de 10%.
De acordo com Boaz Noy, CEO da startup, Protevin supera muitos dos desafios que as proteínas vegetais enfrentam no mercado. “Muitas das atuais fontes são problemáticas no sabor, o que influencia o produto final. Todas as proteínas de origem vegetal são inferiores na composição de aminoácidos e na pontuação de digestibilidade, o que significa que temos que consumir mais para obter a mesma funcionalidade. Além disso, algumas proteínas vegetais são alergênicas, como a soja, o que afasta muitos fabricantes de alimentos”, explicou.
Noy afirma que Protevin possui altos níveis de aminoácidos essenciais e uma pontuação de digestibilidade perfeita. Produzido de forma sustentável, o ingrediente não contém alérgenos ou impurezas.
A NextFerm tem como alvo inicial o segmento de nutrição esportiva, com planos de lançar o seu primeiro ingrediente em 2022.
Seguindo nessa categoria, o negócio se expandirá para substitutos do leite e nutrição para idosos, antes de focar nos mercados de nutrição infantil e substitutos de carne.