Uma das feiras internacionais mais importantes de varejo no mundo, a New Retail Federation’s (NRF) Big Show 2023 aconteceu em Nova York entre os dias 15 e 17 de janeiro e reuniu os principais especialistas do segmento, sendo também berço de diversas inovações que devem influenciar o mercado ao longo do ano. Uma das tendências mais comentadas no evento foi a “sustentabilidade reinventada”, que segue na mira dos negócios varejistas e é fortemente observada, principalmente nos hábitos de consumo da Geração Z.
Esse tema está relacionado à mudança climática, escassez de recursos e a necessidade urgente de redução dos danos ao meio ambiente. Nesse contexto, muito se falou sobre reúso, reciclagem e redução, um tripé cada vez mais presente nos negócios e na sociedade como um todo.
O desperdício tornou-se inaceitável, impondo um pensamento racional sobre recursos e colocando fim a produtos com obsolescência programada, bem como também houve um aumento considerável pela busca de uma alimentação mais sustentável (que não agride o meio ambiente) e saudável, como o consumo acelerado de proteínas alternativas.
As proteínas processadas ou in natura feitas à base de plantas (plant-based), com uso de soja, grão de bico, lentilha, ervilha e outros grãos proteicos em sua composição, fazem parte de um nicho de alternativas que crescem de forma exponencial aqui no Brasil e no exterior, com o avanço do movimento de substituição da animal, seja pelos vegetarianos, veganos e “flexitarianos”.
E, se existia alguma dúvida de que essa seria uma grande aposta para os próximos anos, investimentos recentes de gigantes do setor alimentício mundo afora provam que a tendência não é passageira.
A The Good Food Instituite (GFI) apresentou um estudo recente com um compilado de projeções de instituições financeiras e apontou que o mercado de plant-based pode atingir entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões no mundo até 2035, com participação nos negócios globais de carnes de 7% a 23%.
Segundo a empresa, o grupo de flexitarianos – ou seja, aqueles que não deixam de comer carne, mas reduzem seu consumo – no Brasil cresceu de 29%, em 2018, para 50% da população em 2020. E ainda, segundo dados da Euromonitor, os alimentos plant-based tiveram faturamento de mais de R$ 457 milhões no Brasil em 2020 e cresceram quase 70% nos últimos seis anos no País.
Os investimentos iniciais em alimentos à base de plantas partiram de foodtechs e startups, mas empresas que dominam o setor de proteína animal no País decidiram surfar nessa onda e criaram suas próprias linhas, como é o caso da JBS, com a linha Incrível, líder em proteína vegetal no Brasil.
Nesse sentido, as oportunidades para o varejo são inúmeras, já que a cesta de compras dessa categoria é considerada premium, com tíquete médio de 43% mais alto, além da maior rentabilidade e fidelidade de consumidores, segundo um estudo da DH Shop comparando 2021 x 2022.
Vale lembrar que o cliente de produtos 100% vegetal busca uma alimentação equilibrada por atributos funcionais e emocionais – como sabor, saudabilidade e conveniência, é predominantemente da classe AB e tem de 25 a 45 anos em média.
Dessa maneira, o varejo aliado à indústria tem um papel protagonista no desenvolvimento dessa categoria e deve apostar em visibilidade no PDV, degustação e promoções para gerar experimentação, garantir melhores margens e atender as atuais demandas e necessidades do novo consumidor.
Fonte: Mercado e Consumo