Durante a FiSA, o público pode conferir que a suplementação aliada a alimentação natural é destaque no segmento de ingredientes saudáveis
A indústria vem caminhando para atender uma demanda crescente em substituir produtos tradicionais por produtos naturais. O Summit Future of Nutrition, congresso científico que ocorre durante a Fi South America (FiSA), abordou as oportunidades do mercado plant-based em um dos painéis realizados.
“A proteína alternativa não deve ser vista como uma substituição à proteína de origem animal e nem como uma concorrente: ela traz oportunidades para o produtor rural brasileiro, fomentando o cultivo da cultura de grãos”, disse Alysson Soares, especialista sênior em Políticas Públicas do The Good Food Institute Brasil.
Camila Lupetti, especialista em Engajamento Corporativo do The Good Food Institute Brasil, trouxe dados de uma pesquisa realizada pela instituição, em 2022, sobre como o consumidor enxerga esse produto. Entre as pessoas entrevistadas, 67% responderam ter reduzido o consumo de carne, não apenas devido ao preço, mas também pensando em melhorias na saúde.
Outros dados mostram que 61% dos consumidores procuram proteínas alternativas quando vão às compras. Mas desses, 53% dizem muitas vezes não encontrar o que procuram, o que, segundo Camila, mostra o potencial para investimento. Ela conta que, ainda segundo a pesquisa, os três principais motivos que levam o consumidor a deixar de fazer essa escolha são: preço, sabor e dificuldade de compra.
Mercado plant-based: proteínas vegetais atraem novos públicos
De acordo com Augusto Ichisato, CEO da Food Brasil e Engenheiro de Alimentos, uma pesquisa do The International Food Information Council (IFIC) revelou o padrão de compra dos consumidores de proteínas vegetais, que segue critérios que priorizam sabor, preço, saudabilidade, conveniência e sustentabilidade, nesta ordem ordem de importância.
No Brasil, a suplementação com snacks proteicos já é bastante difundida entre os consumidores e, nos últimos anos, houve uma crescente expansão em torno das versões líquidas, tanto de origem vegetal, quanto nas versões lácteas. Acompanhando as tendências, os visitantes da FiSA puderam conhecer e degustar novidades no Innovation Tour, atração que conecta os participantes da feira aos novos produtos apresentados pelos expositores.
A FiSA mostra que a procura por alimentos sustentáveis e de origem vegetal tem impulsionado o surgimento de uma variedade de opções nutritivas e funcionais. Daniela Hendo, do setor de vendas da AQia Nutrition, destaca a tendência de escolhas plant-based, veganas e vegetarianas, influenciadas tanto pela sustentabilidade quanto pela digestibilidade. Com foco nesses consumidores, apresenta proteínas veganas de ervilha e arroz, bem como um extrato de levedura com sabor umami, adequado para aplicações salgadas.
Daniela conta que a fabricação centrada nos vegetais auxilia na diminuição de gordura e sódio, alinhando-se às demandas atuais por rotulagens mais saudáveis. “A indústria está trazendo tecnologias para a proteína vegetal e deve ter um olhar para trazer as funcionalidades do bem-estar, em todas as refeições do dia, para fora de uma cápsula”, enfatiza.
Já a SL Alimentos introduz a proteína concentrada de aveia como ingrediente chave. Visando corrigir as deficiências de proteína frequentemente encontradas em snacks à base de cereais, apresenta novas opções concentradas de feijão caupi e ervilha, aplicadas em um crisp proteico. Mariana Costa, especialista em Desenvolvimento de Produto e Pesquisa da empresa, destaca que o caráter inovador é evidenciado na aplicação em cereais matinais, dobrando o teor de proteína e atendendo à demanda por opções mais saudáveis.
Praticidade de consumo é foco na aplicabilidade de proteínas lácteas
Ainda que a produção de proteína láctea esteja se desenvolvendo no país, esse é um setor em destaque por sua versatilidade. Carlos Bartz, Gerente Comercial da Sooro, apresenta uma proteína termorresistente com notável absorção de água, que pode ser utilizada em sobremesas, queijos, requeijões, bebidas e sobremesas lácteas, além de iogurtes proteinados. Essa resistência a tratamentos térmicos evita a desnaturação da proteína, permitindo preparação sem a necessidade de estabilizantes ou caseinatos.
Para conferir cremosidade, Bartz explica que a produção consiste em aproximar o tamanho da partícula do ingrediente ao tamanho da partícula de gordura láctea: “O corpo dessa bebida láctea fermentada é quase um mousse. Este produto vem em pó, que sofre um processo que oferece essa sensação de preenchimento de boca”.
A praticidade da proteína láctea é uma característica que possibilita a personalização da consistência. Os consumidores podem preparar a proteína e, se preferirem, deixá-la na geladeira para adquirir uma textura mais densa e cremosa, conforme exemplificado por Diego Marquez, Technical Support da Arla: “Estamos mostrando como é fácil preparar. Dissolva 40 gramas na água e você vai ter uma porção completa com 20 gramas de proteína nesse consumo”, ensina.
Essa mistura em pó, enriquecida com proteína de soro e caseína, é projetada para suplementação nutritiva. Marquez destaca que a abordagem representa uma nova forma de utilização das proteínas funcionais, oferecendo uma alternativa distinta para o consumo. O dulçor, segundo ele, é proporcionado por adoçantes, como a sucralose.
Outro fator importante a respeito das proteínas lácteas é a contribuição gerada na cadeia produtiva e, consequentemente, no fator sustentabilidade. Isso porque torna-se uma solução para todo o soro de leite originário, especialmente, de pequenas queijarias locais.