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Brasileiro passou a consumir mais chocolate em casa na pandemia

Chocolate ao leite ainda é o preferido, mas cresce a demanda por produtos mais saudáveis e com maior teor de cacau

Desde a produção do cacau até a fabricação do chocolate, o consumidor brasileiro pode esperar por melhores experiências na hora da degustação. Isso é o que indicam, unanimemente, as grandes indústrias e os pequenos fabricantes.

A melhor qualidade do cacau que está sendo produzido no país, o aumento da área plantada e da produtividade, favorecem a infraestrutura para que toda a indústria (que gera cerca de 21 mil empregos) possa atender ao crescimento do mercado interno e das exportações.

Em 2020, o setor faturou R $11 bilhões no Brasil, um incremento de 2,4% em relação a 2019, segundo estimativas da Kantar. As exportações vão para 145 países, sendo os principais destinos a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, segundo dados da ComexStat 2020.

Em 2021, o país atingiu a marca de 693 mil toneladas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), coletados pela KPMG. O índice aponta para um crescimento de aproximadamente 36%, quando comparado com o mesmo período de 2020 (510 mil toneladas).

Em termos de produção de cacau para atender as demandas das indústrias de chocolate, estamos com folga: somamos cerca de 200 mil toneladas por ano. Isso porque trabalhamos com capacidade ociosa em termos de processamento das amêndoas: a capacidade instalada é 275 mil toneladas por ano, segundo informa o Instituto Arapyaú.

Com tais volumes, estamos entre os cinco maiores mercados internacionais. No entanto, o consumo per capita ainda é baixo se comparado a outros países: 2,4 quilos por habitante, enquanto os argentinos consomem cinco quilos e os europeus chegam a sete. O maior mercado é o norte-americano, com nove quilos por habitante/ano.

“Temos muito potencial de crescimento. Todos os grandes players mundiais da indústria de chocolate têm operação local. Além disso, temos boa oferta das três matérias-primas – cacau, leite e açúcar – e um parque industrial bem estabelecido, com embalagens para quaisquer tipos de demandas,” destaca Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab. Para ele, o fator renda é o principal limitador para o crescimento mais acelerado do setor.

O PERFIL DO CONSUMIDOR MUDOU

Em 2021, vivendo em tempos de pandemia, o comportamento do brasileiro teve mudanças também relacionadas ao consumo de chocolate. Antes, a proporção de consumo fora do lar era mais representativa (42% em valor).

Atualmente, a ampliação do consumo de chocolate para 58% no período de janeiro a setembro de 2021 é puxada pelo consumo dentro de casa, segundo dados do Instituto Kantar.

“O consumidor brasileiro está mais exigente em relação à qualidade dos produtos, e isso vai muito além do chocolate. Neste aspecto, a Ferrero mantém o compromisso de entregar a autenticidade das receitas italianas, garantindo a alta qualidade de seus produtos”, afirma Fernando Careli, diretor de comunicação e sustentabilidade da Ferrero.

AS EMPRESAS TÊM QUE SE DESDOBRAR PARA MANTER O PADRÃO DE QUALIDADE EM UM PAÍS COM GRANDES VARIAÇÕES DE TEMPERATURA E UMIDADE.

O chocolate ao leite representa grande parte do consumo no país, mas crescem novas demandas por produtos com maior teor de cacau, refletindo a busca por alimentos mais saudáveis e com redução do açúcar. São produtos de nicho, incluindo os destinados a pessoas com restrições de saúde e que necessitam produtos sem glúten ou veganos.

Os estudos das empresas revelaram ainda que há a necessidade de redimensionar as embalagens para refletir o consumo individual e imediato. “Doses menores para consumo pessoal, sem restos. Uma dieta mais saudável”, destaca Ubiracy Fonseca.

INVESTIMENTO EM QUALIDADE

Esse movimento positivo está dando suporte aos planos de crescimento. Para a Ferrero, o Brasil é um dos mercados-chave, o que leva a empresa a manter os planos de investimento no país. Segundo Careli, há três anos a companhia registra crescimento considerável, chegando a 40% de aumento nas vendas em 2021. “A perspectiva para 2022 é de manter um crescimento de 10% a 15% em volume e de 20% a 25% em valor”, adianta o executivo.

De modo geral, as empresas do setor têm que se desdobrar para manter a qualidade padronizada dos produtos em um país com grandes variações de temperatura e umidade – fatores que alteram sensivelmente a vida útil e a qualidade do chocolate.

Na Ferrero, parte do investimento é destinada a tecnologias que permitem melhorar as estruturas logísticas, reduzindo distâncias e ampliando os negócios no comércio eletrônico e em marketplaces.

No segmento premium, a marca suíça Lindt, uma das líderes mundiais, mantém sua expansão no país. Em suas 60 lojas próprias, promove a experiência de consumo de forma diferenciada, incluindo mais de 120 chocolates especiais.

A empresa desenvolveu uma linha de produtos veganos, a Hello Vegan, que usa apenas ingredientes plant-based. Foi premiada em 2021, na Alemanha, como o melhor chocolate vegano do país.

“Estamos crescendo e levando nossos chocolates para mais perto do consumidor brasileiro. Queremos investir cada vez mais no crescimento da marca por aqui,’’ afirma Walter Angst, CEO da Lindt no Brasil.


Fast Company Brasil








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