Page 44 - Aditivos | Ingredientes - Edição 179
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HAMBÚRGUERES PLANT-BASED Agricultura e do Desenvolvimen- to Rural do Parlamento Europeu chegou, em 2018, a aprovar e colocar em votação uma proibição aos produtores de comida vegetariana de empre- gar a nomenclatura normalmente usada para descrever produtos de carne. As designações protegidas incluiam bife, salsicha, escalope, burguer e ham- búrguer, sob um regulamento revisado que foi aprovado com 80% dos votos. O Comitê decretou que as palavras “veggie burgers” deveriam ser substituídas pelas menos pa- latáveis “discos vegetarianos”! Uma catástrofe cômica: “Vai um disco vegetariano aí?”! E não eram apenas hambúrgueres de feijão ou cogume- los condenados à lixeira da história. Salsichas veganas, bifes de tofu e escalopes de soja pareciam estar se aproximando da sua data limite de validade, após uma primeira votação no Parlamento Europeu sobre as revisões de um regulamento de rotulagem de alimentos. Faltavam as medidas serem votadas em todo o par- lamento após as eleições europeias de maio, antes de serem apresentadas aos Estados Membros e a Comissão Europeia. O socialista francês Éric Andrieu, eurodeputado desde 2012, responsável por supervisionar a legislação, disse que a proibição era apenas “bom senso” e apelou para o histórico senso gastronômico dos europeus. Ainda completou: “Achamos que o bife deve continuar sendo um bife de verdade, de carne, e sugerimos o uso de novos apelidos para todos esses novos produtos. Há muito a ser feito nessa frente, muita criatividade será necessária. As pessoas precisam saber o que estão comendo. Então, as pessoas que querem comer menos carne sabem o que estão comendo - as pessoas sabem o que está em seu prato”. As perspectivas sob os céus europeus não eram das melhores para os hambúrgueres plant-based, ainda mais que os legisladores já tinha aceitado outras restrições à denominação de produtos alternativos que não continham laticínios. Termos como leite de amêndoa e iogurte de soja, por exemplo, já foram proibidos na Europa depois que o tribunal superior do bloco decidiu, em 2017, que produtos puramente vegetais não podiam ser comercializados usando termos como leite, manteiga ou queijo, que são reservados para produtos animais. Manteiga de cacau, leite de coco e molhos para salada foram isentos pela legislação da União Europeia, mas esse não foi o caso da soja ou do tofu. No passado, surgiram preocupações sobre as implicações para a saúde de bebês alimentados com leite de soja. A Food Standards Agency* informou que, embora o leite materno e o leite de vaca fossem as melhores fontes de nutrição, os pais deveriam continuar a dar o produto à base de soja a seus filhos se fossem orientados a fazê-lo pelo médico. Food Standards Agency, ou Agência de Normas Alimentares do Reino Unido, é um departamento governamental dependente do Parlamento do Reino Unido, criada em 2000, e responsável pela proteção da saúde pública relacionada com os alimentos, dirigida por um diretório orientado a atuar na proteção do bem-estar comum. A União Europeia está seguindo o exemplo da França, onde, no ano passado, os parlamentares aprovaram uma emenda a um projeto de lei agrícola que proíbe qualquer produto que seja baseado em ingredientes não animais de ser rotulado como um produto animal tradicional. Nos termos do artigo 17o do regulamento (UE) no 1169/2011, os nomes atualmente utilizados para produtos à base de carne e preparados de carne serão reservados ex- clusivamente para produtos que contenham carne, decidiram os deputados. Felizmente, para alívio geral do setor produtor de hambúrgueres plant-based, no dia 23 de outubro de 2020, a Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu divulgou uma declaração destacando que os deputados haviam rejeitado a proposta de apenas produtos contendo carne poderem apresentar “nomes relacionados à carne”. Isso significa que os hambúrgueres vegetarianos (veggie burgers) podem continuar a ter esse nome na União Europeia, ao invés de serem chamados de “discos vegetarianos”. O comunicado acrescentou que não haveria “nenhuma mudança para produtos baseados em plantas e nomes que eles usam atualmente quando são vendidos” na União Euro- peia. Asger Mindegaard, um oficial do European Environmental Bureau* (EEB), disse: O European Environmental Bureau é uma rede de cerca de 140 organizações de cidadãos ambientais com sede em mais de 30 países. A EEB é uma federação democrática que representa grupos locais, nacionais, europeus e internacionais nos Estados-Membros da União Europeia, além de alguns países candidatos e vizinhos. “A proposta rejeitada poderia confun- dir os consumidores europeus que já estão acostumados a termos como ‘hambúrguer vegetariano’ ou ‘bife vegetal’. Muitas pessoas compram esses produtos exatamente porque desejam substituir um produto de carne específico por uma alternativa mais saudável. O objetivo comum de governos, 44 ADITIVOS | INGREDIENTES

