Page 37 - Aditivos | Ingredientes - Edição 179
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comprometido com os direitos dos animais que, por vezes, parece algo muito difícil. Simultaneamente, a escolha do termo mais adequado para um produto pode influenciar diretamente o alcance do público-alvo, bem como a imagem que a marca terá. Um aspecto que muitas vezes leva à confusão é que o termo “plant-based” agora é frequentemente usado para descrever produtos veganos. Essa é uma opção de nomen- clatura escolhida pela indústria por ser mais abrangente e conquistar o público geral mais facilmente. Nesse contexto, se a intenção for focar na composição vegetal, o termo “plant-based” parece mais adequado. Se a ética estiver en- volvida na equação, aí sim o termo “vegano” pode aparecer, mas só se não houver mesmo insumos ou exploração de animais em nenhuma etapa do processo. Destarte, um produto pode carregar os dois termos, uma vez que não são mutuamente excludentes. Um ponto interessante a se notar é que embora originalmente plant-based se referisse a uma dieta composta de alimentos vegetais integrais e naturais, o termo cresceu em popularidade e nos últimos anos foi adotado pela indústria para se referir a produtos alimentícios feitos à base de vegetais. Hoje, o termo não se refere mais especi- ficamente a alimentos ve- getais integrais e naturais. Além disso, devido a todo a estigma envol- to no termo “vegano”, muitas empresas e pessoas preferem utilizar o termo “plant-based”, uma vez que este último causa maior identificação e soa mais positivo para a grande maioria. Desse modo, a dieta ou um pro- duto à base de plantas nem sempre se refere a algo saudável. Tudo isso porque o termo foi adotado por aqueles que não consomem produtos de origem animal (ou os reduziram drasticamente) e não se identificam com o termo “vegano”, como também, para rotular produtos vegetais sem ingredientes de origem animal CONCLUSÕES Vários estudos sobre os benefícios das dietas à base de vegetais têm tentado definir essa forma de alimentação (seja com relativa ausência de carne na dieta, até a completa ausência de alimentos de origem animal), comparativamen- te a dietas de indivíduos que comem carne diariamente. Recentemente, constatou-se que os benefícios das dietas vegetais não se devem apenas a ausência de alimentos de origem animal, mas também ao aumento da quantidade de alimentos de origem vegetal. Vários estudos mostram que dietas à base de plantas com baixas quantidades de produtos de origem animal sempre fornecem benefícios nutricionais e de saúde. Existem diferentes maneiras de comer mais alimentos de origem vegetal - a dieta vegetal não exclui automaticamente todos os produtos de origem animal -, mas em vez da dieta se concentrar em alimentos de origem animal, os alimentos de origem vegetal deveriam estar no centro da dieta. Esse conselho está de acordo com as recomendações do World Cancer Research Fund (WCRF), que sugerem que dois terços de uma refeição devem consistir de alimentos de origem vegetal e um terço de produtos de origem animal. Esse tipo de alimentação lembra a cozinha chinesa, na qual o arroz e os legumes são fartos, com um pouquinho de carne, frango ou peixe para dar um gostinho. É similar ao uso da palavra “mistura" no Brasil, usada como simbologia da alimentação e que remonta aos tempos da escravidão. Os escravos nas senzalas tinham acesso a arroz, feijão e farinha, mas a proteína (carne, frango ou peixe), que sempre foi cara, era dada em pequenas quantidades para que fosse dividida entre todos. Como sobrava um pequeno pedaço para cada um, a carne não era encarada como um pra- to principal, mas como um com- plemento a ser mistura- do no arroz e feijão. O hábito acabou caracterizando nossa gastro- nomia (no prato típico brasileiro, há mais arroz e feijão do que carne) e é por isso que usamos a palavra “mistura” para designar o complemento. No decorrer do tempo, e particularmente nas famílias mais abastadas, a famosa “mistura” passou a ser a parte mais importante da refeição. Uma coisa é certa, as grandes dietas mencionadas acima são todas baseadas em vegetais, com a inclusão ou não, em quantidades variáveis, de alguma proteína vegetal. Assim, parece ser mais saudável voltarmos a comer como os Australopithecus robustus! Comer javalis inteiros como faziam Asterix e Obelix, nunca mais. Orgias de gran- des costelas, coxas de perus, pernis e outros pedaços de carne gargantuescos ou pantagruélicos, como os senhores da Idade Medieval, nunca mais. Pla󰇳󰇺-ba󰇷󰇪󰈨 é o f󰇻󰇹󰇼󰈦o, si󰇲! EVOLUÇÃO DO PLANT-BASED                     37 ADITIVOS | INGREDIENTES 


































































































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